Max Gehringer
Quando uma empresa resolve implantar alguma mudança, normalmente ela faz
uma campanha interna para mostrar aos funcionários que a mudança vai ser boa
para a empresa e melhor ainda para os funcionários. Na prática, porém, a
maioria das mudanças acaba dando resultados inferiores aos esperados. Ou porque
os funcionários não entenderam, ou porque não quiseram colaborar. Então, a
culpa é dos funcionários? Eu acho que não. E vou contar uma historinha prática.
Trabalhei em uma empresa que tentou, várias vezes, implantar um sistema
de uso de crachás. Mas nós, os funcionários, éramos contra. Nós achávamos que
os crachás eram desnecessários, porque ali na empresa todo mundo conhecia todo
mundo e andar com aquela peça de plástico pendurada no peito não iria melhorar
nada para ninguém. A direção da nossa empresa tentou de tudo, até que chegou à
famosa solução jurássica: quem não estivesse usando crachá, não entraria para
trabalhar. Resultado: todo mundo passou a odiar os crachás e a perdê-los de
propósito. Até que um dia eu fiquei sabendo como uma grande empresa havia
conseguido fazer com que seus funcionários usassem crachás sem precisar fazer
nenhuma campanha e sem gastar um tostão.
Foi assim. Um dia, os diretores apareceram usando crachás. E todo mundo
começou a se perguntar por que só os diretores tinham crachá. Duas semanas
depois, os gerentes também receberam crachás e passaram a usá-los com orgulho,
porque os crachás os colocavam no mesmo nível, por assim dizer, dos diretores.
Não demorou muito para os funcionários começarem a ficar insatisfeitos com
aquela discriminação, e aí a empresa mandou fazer crachás para todo mundo. E
todo mundo passou a usar, feliz da vida.
A lição é simples: o que faz qualquer
mudança funcionar não é a comunicação eficiente. A comunicação ajuda, mas não
resolve. O que resolve, mesmo, é o exemplo que vem de cima.
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